Páginas

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O mito da buceta troféu

Hoje li um texto muito interessante que começa com um acontecimento cada vez mais comum: homens que somem depois do sexo. Todas as minhas amigas e mulheres em geral com quem converso têm uma história para contar sobre um paquera que não deu mais notícias depois de terem transado.

A autora anônima diz:

“Uma enorme proporção de mulheres e homens sobrevalorizam o sexo e tratam a vagina como um troféu. À mulher, cabe regular o acesso masculino à buceta, estabelecendo condições, elaborando testes, submetendo os homens a rituais malucos retirados de comédias românticas. Ao homem, cabe o papel de vencer a resistência feminina sem, contudo, se deixar aprisionar pelas suas exigências de compromisso e estabilidade. Ele deve seguir diligentemente todos os protocolos até chegar ao santo graal machista: a xoxota inacessível. E, depois de saborear a vitória, deve partir para outros desafios.”
A autora do texto em questão, porém, conclui que o sexo não é moeda de troca. Para ela, a quantidade de obstáculos colocados na “corrida pela racha” não são capazes de fisgar um peguete. 
Como ela sugere, existe um "mito da buceta troféu". Mas, será mesmo?

Corrida pelo ouro
Em 2011 publiquei um texto sobre esse assunto e a fala que motivou o post ficou bastante impressa no meu pensamento. “Se a mulher der no primeiro encontro, o que sobra para conquistar?” Por mais que o cara que disse isso fosse um machista de carteirinha (desses com quem não vale a pena se relacionar), esse tipo de comportamento faz com que muitas mulheres se sintam culpadas, responsáveis pelo abandono. "Ah, se eu fosse mais gostosa", "Se minha performance tivesse sido melhor", "Se não tivesse sido tão fácil"... 

E claro que sempre tem aquela pra corroborar com as opiniões machistas: "Você sabe que eu não sou machista né amiga, não ligo pra pessoas tipo você, que fazem o que estão com vontade. Mas você sabe, homem gosta de mulher difícil. Se você não segurar, nunca irão te valorizar, você nunca vai arrumar um namorado". E lá ela fica, se como um objeto descartado depois que perde seu "valor".

“Se o sexo for bom e se converter em algo mais, ótimo. Mas fazer sexo de qualidade, que não resulte em compromisso não deve ser encarado como um fracasso, perda de tempo ou uma entrega indevida.”

O problema é que, sendo apenas um troféu, alguns homens (pelas opiniões que ando escutando arriscaria, inclusive, a que dizer a maioria) não se importa com o prazer da mulher ou com a qualidade da transa. E aí não sobra nada, nem o cara, nem lembranças de uma boa noite de sexo.

O cenário é pessimista, mas não adianta perder as esperanças. Quanto mais entrarmos no jogo, mais difícil será para mudar suas regras.

Qual é a sua kilometragem?
Como todo mundo já deve saber, meus textos sempre surgem de temas cotidianos, principalmente de conversas de buteco – vivendo na capital dos bares é difícil fugir dessa prosa. Com este não poderia ser diferente.

Num desses bate papos de bar, falando sobre sexo – como vocês podem imaginar, um dos meus assuntos preferidos – alguém me disse que eu não podia ser assim. Que essa história de “dar” estava me desvalorizando e que no futuro ninguém ia querer se casar comigo. Ele, provavelmente, devia ter acabado de assistir Qual é o seu número. O filme conta a história de uma garota que, depois de ler uma pesquisa publicada numa Marie Claire da vida, descobre que mulheres que transam com mais de 20 caras têm 96% menos chances de se casarem (já falei sobre ele aqui).

Sempre que vejo coisas assim, me pergunto: afinal, qual a relação do número de homens com os quais uma mulher fez sexo com seu caráter? Ou com seu desempenho profissional, por exemplo? É quase a mesma coisa que comparar a mulher a um carro: quanto maior a kilometragem rodada (acredite ou não, existe até uma conta pra isso), menos ela irá valer no mercado.