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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Quando o orgasmo vira uma doença


Você já imaginou como seria sua vida se tivesse 200 orgasmos por dia? Parece ótimo não? Gozar com as mínimas vibrações, como a de um celular ou de um secador de cabelo. Mas, e se isso fosse algo completamente fora de seu controle? Você está no ônibus, indo para o trabalho, e de repente começa a sentir as pernas bambas, a suspirar e a gemer. E todos no lotação, olhando para você.  E se acontecesse em algum tipo de evento, como uma conferência ou entrevista de emprego? Ou em uma visita na casa da sogra? É, acho que não seria tão legal assim. E acredite, acontece.

A Síndrome da Excitação Sexual Persistente começou a ser estudada recentemente e por isso ainda é novidade para muitos, inclusive para médicos. Ao que parece, há poucos casos confirmados (li um no G1, outros na Super Interessante), mas os pesquisadores acreditam que o número deve ser bem maior, já que muitas mulheres não procuram ajuda por medo de serem ridicularizadas. Fiquei pensando se aquele vídeo da mulher no parque não seria também um caso dessa doença...

Pouco se sabe sobre essa condição e não há nenhuma explicação científica satisfatória, tampouco cura para a Síndrome. Alguns acreditam que seja conseqüência de alguma inflamação ou infecção na área pélvica que estimula os nervos do clitóris. Outros pensam que a doença tenha fundo emocional. Segundo a Wikpédia:

“A Síndrome de Excitação Sexual Persistente, mundialmente conhecida pela sigla PSAS (do inglês Persistent Sexual Arousal Syndrome, nome que não é mais utilizado pelos especialistas, que agora usam Persistent Genital Arousal Disorder) causa uma excitação espontânea e persistente nos órgãos genitais, com ou sem orgasmo ou obstrução, sem relação alguma com sentimentos de desejo sexual.” Ainda segundo a enciclopédia, a PSAS não tem nenhuma relação com a hipersexualidade (ou ninfomania, como é mais conhecida). 

Me lembro que o seriado Grey’s Anatomy trouxe um caso da Síndrome em seus episódios. A personagem – Pâmela – tinha vários orgasmos por dia e durante um deles perdeu o controle do carro e acabou sofrendo um acidente. A moça virou motivo de curiosidade e piada ao chegar ao hospital e um dos residentes chega a questionar sua vontade de se curar. Sem muita informação, qualquer um pensaria o mesmo. Mas reparem o quanto é desconcertante quando a personagem sofre um de seus “episódios” na frente do pai (peço desculpas antecipadas, mas só achei o vídeo em inglês). 



O penúltimo diálogo resume bem o quanto essa doença deve ser péssima na vida de qualquer um. Pâmela pergunta à Izzie se ela acha que realmente pode curá-la. A residente pergunta porque ela gostaria de se livrar de algo tão bom. A moça responde: “Eu gosto de sexo como qualquer garota. Mas quando você não pode ir ao cinema, dirigir um carro ou ir à missa com seus pais... Sabe aquele sonho em que você está pelada na escola? Bom, é bem parecido com isso”.  

É triste saber que algo tão bom como o orgasmo pode ser o causador de uma vida tão cheia de privações. E ainda há quem faça piada com isso.

sábado, 25 de junho de 2011

Marcha das vagabundas

Uma manifestação que ganhou o mundo e mais recentemente algumas capitais do Brasil, chegou às ruas de Belo Horizonte. A Marcha das Vagabundas  - ou Slut Walk, como é originalmente chamada – aconteceu no último sábado, dia 18 de junho.

Mulheres usando lingeries e roupas provocantes protestaram pelo direito de exercer sua sexualidade como bem entenderem, sem que sejam taxadas de vadias ou putas. Além da marcha das Vagabundas, os protestos reuniram outros movimentos, como a Marcha da Liberdade. “A manifestação em BH foi muito linda, porque ela não foi uma manifestação somente para mulheres ela foi uma manifestação por direitos humanos, por liberdade, por democracia, por direito de moradia e de ocupação dos espaços públicos”, diz a estudante de arquitetura Ettyenne Maia, que participou dos prostestos.

Em BH, os protestos também foram marcados por forte repressão da polícia, como explica Ettyenne Maia. Segundo ela, o motivo da agressão teria sido uma suposta tentativa de invasão ao prédio da prefeitura, o que não teria acontecido. "O que houve foi que alguns manifestantes subiram no hall de entrada do prédio onde começaram a ser empurrados pela guarda municipal e PM. Nós começamos a vaiar e a reação deles foi de jogar sprei de pimenta e gás".



Vadia sim, com muito orgulho

Marcha das vagabundas em BH


Slut Walk em Toronto
O Slut Walk tem suas origens na cidade de Toronto, Canadá, e já aconteceu em países como Argentina, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda e Nova Zelândia. Tudo começou após declarações de um policial canadense que teria sugerido que as universitárias deveriam se vestir de outra maneira, a fim de evitar abusos sexuais. A culpa do estupro não seria daquele que o pratica, mas das mulheres que, ao usaram roupas inadequadas, estariam provocando e justificando o comportamento abusivo. Ou seja, o homem é um pobre animal que não consegue conter seus instintos diante de uma saia curta, por isso, não o provoque.  “Nosso lema no protesto é o de que o corpo de uma mulher é somente dela e este não tem que ser violado por nenhum homem”, afirma Etienne Maia.


No Brasil a Marcha também é uma reação às declarações do comediante Rafinha Bastos. O humorista teria dito: "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço". Quando li isso fiquei pensando se o humor está tão saturado e sem criatividade que precisamos insistir em piadas machistas como essa. 

Para o físico Fernando Almeida o protesto foi exagerado. “Acho que as pessoas estão banalizando a liberdade de expressão. Se for assim, vou organizar então uma Marcha dos Machos Comedores. Claro que esses comentários como o do Rafinha Bostas são desnecessários e merecem um processo. Mas não acho que precisa fazer uma coisa nesse nível, se vestir desse jeito ou usar um cartaz com escrito ‘sou vadia!’”, diz.

Boa pra pegar, mas não serve pra casar
Geyse Arruda e o famoso vestido
 No país do carnaval ainda reina a dicotomia puta versus santa. Vivemos em uma cultura que estimula a exibição dos corpos femininos, mas que na prática, despreza aquelas que ousam a fazê-lo. Mulheres que usam roupas decotadas são taxadas de vadias, como se o caráter de uma pessoa estivesse associado àquilo que ela veste. Quem não se lembra do caso Geyse Arruda, a estudante da Uniban que causou tumulto e foi insultada por vários colegas ao usar um vestido curto? Quantas vezes já não ouvi amigos dizerem que “fulana serve para comer, mas não presta para namorar”, ou “ciclana dá pra todo mundo, não presta”.

Indo um pouco mais longe, me lembro do caso Ângela Diniz, uma socialite mineira que foi morta por seu companheiro, Raul Fernando do Amaral Street ou Doca Street, como era mais conhecido. O caso aconteceu na década de 70 e na época, Ângela foi considerada a causadora de seu próprio assassinato. A vitima mereceu ser morta devido a sua má conduta: uma mulher divorciada, que teve vários amantes, adorava festas e roupas bonitas. Durante o julgamento, havia até mesmo mulheres na porta que torciam por Doca e lhe enviavam cartas apaixonadas. Ele chegou a ser absolvido, sendo condenado somente após dois julgamentos.

Infelizmente ainda vivemos aquela mesma velha história, de controle da sexualidade feminina. O homem pegador é o macho alfa e a mulher que não se encaixa nos padrões - de vestimenta e de comportamento - é a puta.

Achei um texto muito bom da Marjorie Rodrigues sobre a Marcha das Vagabundas. E você, o que acha do movimento?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma mordidinha não dói

@normalucia.69 - No post de hoje Madame Bovary traz o erotismo de Anne Rice, autora de livros como "Entrevista com vampiro" e "Rainha dos condenados".

Nem é preciso uma análise muito complexa para se chegar à conclusão de que vampiros estão entre os Top 10 de “Seres fantásticos sensuais”. São muitas as representações de vampiros ao longo da história e Anne Rice é uma das autoras que marcaram o nosso imaginário sobre vampiros. Os seres noturnos de Rice exalam sensualidade e as obras da autora estão recheadas de erotismo. 

Algumas das obras de Anne Rice
“Seu rosto se inflamou. Ele olhou para mim, para meus seios, minhas ancas e depois meu rosto. Envergonhado e tentando disfarçar. Desejo.
- Você continua sendo homem? – perguntei.
Ele não respondeu. Mas sua expressão esfriou.
- Você nunca saberá inteiramente o que eu sou! – disse ele.
(...)
- Essa transformação, essa passagem para a espécie dos bebedores de sangue, isso não aumentou sua estatura. Será que aumentou alguma outra parte sua?” (Pandora, p.126)
Seres altamente sexualizados, mas com um “pequeno problema”: seus órgãos sexuais não têm muita utilidade mais.

“- Pandora, amo você! – exclamou ele desarmado.
- Ponha isso dentro de mim – disse eu pegando o que ele tinha entre as pernas. – Me complete e me abrace.
- Isso é bobagem e superstição!
- Nada disso – disse eu. – É uma coisa simbólica e reconfortante.
Ele obedeceu. Nossos corpos se uniram, ligados pelo órgão estéril dele que agora para ele era a mesma coisa que seu braço (...)” (Pandora, p. 175)

Nas histórias de Anne Rice – e no imaginário vampiresco no geral –, o equivalente ao ato sexual é a mordida, o tal beijo do vampiro. Dizem, inclusive, que o prazer sentido nesse momento supera, e muito, o gozo que nós, simples mortais, sentimos.

“Estávamos abraçados, eu queria cravar-lhe meus dentes, beber seu sangue, e fiz isso, e senti-o bebendo o meu. Essa era uma união mais forte do que qualquer outra que eu já conhecera num leito conjugal (...).” (Pandora, 175)

Outra característica dos personagens criados por Rice é, digamos, a falta de critérios rígidos para a escolha do objeto de desejo. Os vampiros não se prendem a questões como gênero, idade, raça ou parentesco. É comum que os personagens da autora se sintam atraídos por pessoas do mesmo gênero e de gêneros diferentes, por irmãos, primos e afins, e por adultos ou crianças – em alguns momentos isso é mostrado de forma explícita, em outras, de forma insinuada. Tudo isso é colocado de maneira natural, sem rótulos. A relação de Louis e Lestat em “Entrevista com o vampiro”, por exemplo, não é definida claramente, mas está nesse lugar de encantamento, sedução e atração.

“Agora me escute, Louis – disse ele, sentando-se a meu lado no degrau, de modo tão gracioso e íntimo que me fez pensar nos gestos de um amante. Recuei. Mas ele passou seu braço direito por meus ombros e me aproximou de seu peito. Nunca havido estado tão próximo dele, e sob a pálida luz, pude perceber o magnífico brilho de seus olhos e a superfície sobrenatural de sua pele. Quando tentei me mexer, colocou os dedos em meus lábios e disse: Fique quieto.” (Entrevista com o vampiro, p. 25).




Outro exemplo é a relação de Louis com Cláudia, uma menina-vampiro que tem como destino nunca chegar a ser mulher.

“Não podia suportar aquilo: olhá-la [Louis está se referindo a pequena Cláudia, antes de transformá-la em vampiro], querendo que não morresse e desejando-a. E quanto mais a olhava, mais podia sentir o gosto de sua pele, sentir meu braço escorregando por suas costas e puxando-a para mim, sentir seu pescoço macio. Macio, macio, era assim que ela era, muito macia. Tentei dizer a mim mesmo que para ela seria melhor morrer – o que seria dela? – mas tais pensamentos não serviam de nada. Desejava-a!” (Entrevista com o vampiro, p. 90-91)
Belos, charmosos e cultos. Não é de se espantar que os vampiros da autora povoem as fantasias sexuais de menininhas por aí. E mesmo quem acha que ter sonhos eróticos com vampiros não é uma coisa muito saudável, deve confessar que com a escrita altamente sensual de Anne Rice não tem como impedir um ou outro arrepio – de desejo.

Jogo rápido: Anne Rice


Esse ano Anne Rice completará 70 anos
 
Ela nasceu em Nova Orleans, nos Estados Unidos – cidade presente em vários dos seus romances. Seu nome de batismo é Howard, só depois se autodenominou Anne.  Após a morte do marido, em 2002, deixou de escrever livros sobre seres fantásticos, tornou-se cristã e passou a se dedicar a obras com temáticas religiosas. Em 2010, ela abandonou o cristianismo por não conseguir ser antigay, antifeminista e anti-contraceptivos. Anne Rice virá para a Flip deste ano.


sábado, 18 de junho de 2011

Pornografia vira arte

Que a arte pode ser pornográfica, não há dúvidas. Mas a pornografia, pode ser arte?  Qual é o limite? A foto de um homem pelado é arte? E a obra David, de Michelangelo, é pornografia? As respostas podem parecer óbvias, mas mostram o quão tênue podem ser as fronteiras entre arte e pornografia, principalmente levando-se em consideração a subjetividade do próprio conceito de arte.

A polêmica se complica ainda mais se considerarmos as diferenças e os limites entre arte erótica e pornográfica. Segundo Benjamin Junior, em artigo publicado no site Obvious, a distinção se dá por meio da participação, ou não, do observador no espectáculo sexual. Enquanto que a pornografia solicita que os sujeitos tomem parte através da excitação sexual, no erotismo, ao contrário, esse não é o objetivo principal. Mesmo que exista esse despertar do desejo, a arte erótica busca uma cumplicidade à distância, “visando basicamente um saber do querer, um conhecimento do desejo e do prazer que, no limite, constitui uma forma de prazer”.

São discussões que, como diria minha mãe, rendem pano para manga. Por isso decidi não me alongar nesse debate. Primeiro porque não sou nenhuma especialista em arte, pornografia ou erotismo. E em segundo lugar porque esse não é exatamente o objetivo do post. 

Procurando pautas para o blog, descobri diversos trabalhos que misturam exatamente as fronteiras entre o artístico, o erótico e o pornográfico.

Um desses artistas é o norte-americano Tom Gallant. Através de minuciosos recortes feitos com um bisturi afiado e à mão, Gallant transforma imagens de sexo explícito em desenhos com motivos florais insipirados em ilustrações da era vitoriana. Algumas peças são tão sutis que, à primeira, vista nem se percebe as cenas pouco comportadas que estão presentes. As obras de Tom instigam o olhar do observador e fazem com que procure o "algo mais" ali escondido. “Eu uso a pornografia como uma representação de nossa cultura visual, a ode à juventude, à carne, ao sexo e à exploração da mulher e do feminino. A pornografia é o suporte, mas não a mensagem", garantiu o artista em uma entrevista.






Outro que também se utiliza de recortes é Von Brandis. Utilizando-se de imagens vintage, o artista retira da cena os corpos, deixando apenas a silhueta de homens e mulheres. Através de um jogo que mostra e esconde, os cenários de Brandis solicitam uma participação ativa do observador, que imagina a cena, os atos realizados e seus detalhes.




 

A fotografia também aparece como suporte recorrente para abrigar as misturas entre pornografia e arte. A revista VIP publicou, inclusive, uma lista com seis livros de célebres fotógrafos que realizam esse tipo de trabalho. Já eu, resolvi trazer três nomes: Vlastimil Kula, Peter Gorman e Martin Kovalik (aviso, algumas fotos são bem ousadas, digamos assim).

Martin Kovalik
Martin Kovalik

                                                                       Peter Gorman
Peter Gorman
Vlastimil Kula
Vlastimil Kula

Vlastimil Kula

Uns se utilizam de recortes, outros de fotografias. Cada artista trabalha com a tela que prefere. No caso do coreano Kim Joon, o corpo humano é o próprio painel onde se fundem cores e formas. Entrelaçando corpos masculinos e femininos, Joon pinta desde motivos orientais e florais a logotipos de marcas comerciais e personagens de histórias em quadrinhos. 








Com uma proposta um pouco diferente dos artistas citados acima, outra iniciativa - desta vez de brasileiros - é o Art goes porn (arte vira pornô). Segundo o site, o projeto parte da premissa que “Todo humano já desenhou um sol, assim como todo mundo já desenhou uma pica”. A idéia é criar paródias que homenageiam grandes mestres da pintura com desenhos quase pornográficos.


Fernando Leite
Andy Warhol goes porn


Guilherme Caon
Pablo Picasso goes porn
Marcelo Armesto 
M.C. Escher goes porn


Eduardo Menezes
Piet Mondrian goes porn
 
Gabriel Gama
Edvard Munch goes porn


Marcelo Quinan
René Magritte goes porn

Fernando Togni
Tarsila do Amaral goes porn

Cristiano Baldi
Romero Britto goes porn

Rodrigo Pereira
Vincent van Gogh goes porn

E você, depois de ver tantas imagens e trabalhos com propostas diferentes, o que pensa da mistura entre arte e pornografia?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Entre quatro paredes

@Normalucia.69 - depois de umas semanas sumida do blog - sabe como é a vida de final de semestre, final de curso, dia dos namorados... - ela está de volta. Madame Bovary traz outra sugestão para os amantes da literatura e dos assuntos picantes.

De espartilhos e muito, muito, pano até mini saias e biquínis em profusão. As noções de sexualidade e intimidade mudaram drasticamente aqui, em terras antes tupiniquins. Mary del Priore traça essa linha do tempo em “Histórias íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil”. 



“Ao desembarcar na então chamada Terra de Santa Cruz, os recém-chegados portugueses se impressionaram com a beleza de nossas índias: pardas, bem dispostas, “suas vergonhas tão nuas e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha alguma”. A Pero Vaz de Caminha não passaram despercebidas as “moças bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos compridos pelas espáduas”. Os corpos, segundo ele, “limpos e tão gordos e tão formosos que não pode mais ser”. Os cânones da beleza européia se transferiam para cá, no olhar guloso dos primeiros colonizadores.” (p. 15 e 16)

Aqui eu abro um parênteses: (tem uma poesia do modernista Oswald de Andrade que faz uma paródia com a carta de Caminha, ironizando e brincando com a noção de sexualidade e intimidade do português.

As meninas da gare
Eram três ou quatro moças
bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha

Nem fugi tanto do assunto, já que o poema traz um pouco essa comparação entre a visão da sexualidade num Brasil de antes e um Brasil de agora)

“E, contrariamente aos nossos dias, não havia lugar do corpo feminino menos erótico ou atrativo do que os seios. As chamadas “tetas”, descritas nos tratados médicos como membros esponjosos próximos ao coração, tinham uma só função: produzir alimento.” (p. 18)

Mary del Priore vai contando casos, com humor e leveza.  Ela fala das casas com portas que não se trancam, já que chave era artigo de luxo; da igreja como o lugar mais seguro para se cometer pecados sem ser descobertos; e até da vida sexual do mulherendo D. Pedro I. Mas o rei é prova de mesmo os mais safadinhos podem cair de amores. Cartas com Domitila de Castro e Canto Melo, a Marquesa de Santos, mostram que D. Pedro estava loucamente apaixonado (o que não o impediu de ter 16 amantes concomitantes a Domitila).

"Nada mais digo senão que sou teu, e do mesmo modo quer esteja no céu, no inferno ou não sei onde. Tu existes e existirás sempre em minha lembrança, e não passa um momento que meu coração me não doa de saudades tuas...”

As cartas também provam que a intimidade dos dois era bem caliente. D. Pedro I assina várias cartas comoFogo Foguinho” e até “Demonão”.

“Forte gosto foi o de ontem à noite que nós tivemos. Ainda me parece que estou na obra. Que prazer!! Que consolação!!! […] Aceite os mais puros e sinceros votos de amor do coração deste seu amante constante e verdadeiro e que se derrete de gosto quando... com mecê,”

É, pelo jeito não foi pelo estômago que ela o conquistou.

Para saber mais sobre “Histórias íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil”, de Mary del Priore, clique aqui.

Jogo rápido: Mary del Priore
Historiadora, ex-professora da USP e PUC-RJ. Fez pós-doutorado em Paris (chiquetérrima). Mais de 29 livros publicados (por exemplo, História das mulheres no Brasil, Festas e utopias no Brasil colonial e História das crianças no Brasil)

Entrevista que concedeu a Jô Soares sobre seu livro “Histórias íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil”.



terça-feira, 14 de junho de 2011

Eles também são talentosos

 Há um tempo atrás escrevi um texto divertido sobre as vaginas mais impressionantes da história. Dentre elas, a mais talentosa pertencia a Amy Watson, uma mulher que consegue tocar o kazoo - tipo de instumento musical de sopro – com a sua vagina.



Qual não foi minha surpresa quando achei um vídeo mostrando que os meninos também possuem dons artísticos?



segunda-feira, 13 de junho de 2011

Tecnologia a favor da traição

O último post sobre sites de encontro, mais especificamente a parte que fala sobre os portais que estimulam a traição, me lembrou de uma notícia que li há um tempo atrás.

Se você é daqueles que tem casos extraconjugais, mas é péssimo em inventar desculpas convincentes – aquela de sair para tomar um chopp não cola mais -, não se preocupe. O Alibila pode te ajudar. 

O site francês fornece álibis para os puladores e puladoras de cerca menos precavidos. Na seção “Pequenas Mentirinhas Pegas”, por exemplo, o cliente possui serviços como telefonemas para reuniões de última hora, convites para eventos inexistentes, faturas falsas de cartão para comprovar jantares de negócios e até mesmo envio de cartões postais de lugares onde a pessoa deveria supostamente estar. O Alibila também presta trabalhos de álibis continuados, para aqueles que possuem casos mais duradouros.

Segundo o portal, os criadores estudam ,juntamente com o cliente, o tipo de álibi que melhor convém a seus hábitos, a sua personalidade e a seu estilo de vida, de forma que a desculpa seja a mais credível possível.
Além de ajudar aqueles que possuem seus affairs, o site também é útil para aqueles que desejam fugir de compromissos indesejados, como jantar na casa da sogra ou almoço na casa daquela amiga que você não suporta. Tudo isso para não magoar os sentimentos dos anfitriões. 

Procurando na internet, vi que já existem diversos outros sites que prestam o mesmo serviço, como o americano Álibi Network, o espanhol CoartadaClub ou o argentino Amorios. Aqui no Brasil, ainda não encontrei nenhum.

Por que mentir se pode teletransportar-se?

Além de sites que criam álibis, também já existem programas para celular que ajudam nas desculpas de última hora. O SoundCover e o Soundster oferecem sons de fundo para enganar quem está do outro lado da linha. São várias as opções: barulho de transito, dentista, hospital e até praia.

Isso me lembrou uma propaganda de uma cerveja argentina que vi há um tempo atrás. O comercial se baseia em vários elementos clichês: só os homens frequentam bares e gostam de tomar cerveja. Nós , mulheres, somos as chatas que só sabem ficar em casa  - no melhor estilo esquenta a barriga no fogão e esfria no tanque - e não curtimos esse tipo de programa. Além disso, a publicidade também supõe que os homens preferem a companhia de seus amigos à de suas namoradas e que as meninas não são pareceiras para a mesa de bar. 


É importante ressaltar que todos esses serviços não devem servir como um estímulo a traição. Ontem mesmo, conversando com uma amiga, falamos sobre isso: o combinado não sai caro. Se você está em uma relação onde o acordo é a total fidelidade, ok, que assim seja. Agora, se ambos permitem um relaciomento aberto, a história é outra.

sábado, 11 de junho de 2011

Encontros. com

Internet oferece sites de encontro para todos os gostos e finalidades



Domingo, 12 de junho, dia dos namorados. Não se fala em outra coisa. E eu aqui, pensando sobre o que poderia falar. Não queria fazer uma matéria de dicas como “Posições sexuais para enlouquecer seu namorado” ou “Brinquedos sexuais que ela vai adorar”. Não, nada disso. E se, ao invés de fazer algo direcionado aos casais, eu fizesse um post para os solteiros?

E pensando nisso, me lembrei que há muito tempo queria escrever uma matéria sobre sites de encontro. Ultimamente, conversando com alguns amigos, descobri que vários deles são usuários desses espaços. E fiquei pensando se isso virou moda ou se, com as redes sociais, temos mais visibilidade sobre.

Sempre achei que essas coisas de conhecer alguém pela internet fosse conversa. Tipo aquelas coisas que você vê na tevê: um casal contando sua linda história de amor, de como se conheceram virtualmente – um no Japão, outro no Brasil -, de como o primeiro encontro foi mágico e de como a vida continua maravilhosa depois que se casaram. Mas não.

Amor.com
Conversando usuários de sites de encontro (utilizei nomes fictícios, pois eles preferiram não se identificar), descobri que a coisa realmente funciona. “Já sai com várias meninas que conheci em sites. Até meus amigos começaram a usar depois que viram que eu estava me dando bem”, diz André (28). Mas, como na paquera presencial, o flerte virtual também pode falhar. “É como chegar em alguém em festa. Algumas vezes dá certo, outras não dá.”, conta Lucas (26).

Há histórias bem sucedidas, como a de Marília, que encontrou seu atual namorado no site Par Perfeito. “Me inscrevi há uns dois anos e já havia saído com alguns caras. Com o João foi um pouco diferente. Conversamos muito por internet antes de sairmos. Quando nos encontramos, já estávamos apaixonados e começamos a namorar uma semana depois”.

Outras, nem tanto. É o que conta Tiago (22). “Saí com a menina. Ela disse que estava com medo de ir sozinha e levou algumas amigas e eu também chamei alguns colegas. Chegando lá ela não me deu bola e acabou ficando com um amigo meu”. Luiza (24) também não guarda boas lembranças. “Saí com um menino uma vez e foi até legal. Só que ele meio que surtou. Ficava me ligando muito e mandando várias mensagens por dia, dizendo que estava apaixonado e que queria ficar junto comigo. E com o tempo foi só piorando, até que tive que trocar o número do meu celular”.

Sexo.com
Enquanto alguns procuram o amor, outros procuram curtição. André, diz que começou a freqüentar sites de encontro por indicação de conhecidos. “Ouvi vários amigos falando que rolava muito esquema bom de pegação e sexo nesses sites”.

Há mesmo portais desenvolvidos com o objetivo de reunir pessoas que querem apenas uma boa noite de prazer. Tatiane (22) e seu namorado queriam fazer um ménage à trois e decidiram usar um site para encontrar o terceiro elemento. “A gente começou a conversar com esse cara e ele já sabia do nosso interesse. Ele nos mandou algumas fotos e eu e meu namorado gostamos do que vimos. Decidimos nos encontrar e fomos até o apartamento dele. Foi uma noite ótima e depois disso nunca mais nos falamos”.

Além de casais que procuram solteiros, existem diversos outros tipos de site que promovem encontros sexuais com diversas finalidades. Solteiros, casais, grupos, heteros, gays, lésbicas, enfim. Há portais para todos os gostos.
 
Top List de sites “diferenciados”
Eles existem aos montes na internet. Basta digitar no Google “sites de encontro” e você irá encontrar diversos links que prometem achar sua cara metade (a propaganda é quase a mesma daquelas de mãe de santo; só que enquanto um procura, a outra traz de volta).

Resolvi, então, trazer uma lista diferenciada, com sites de encontro que possuem uma proposta pouco mais alternativa. Alguns se baseiam em gostos comuns, outros na aparência física e outros em nenhum critério racional.

É um site de relacionamento que se baseia nas preferências musicais dos participantes. Basta digitar três ou mais de seus artistas favoritos e o portal mostrará pessoas próximas a você que compartilham o mesmo gosto musical.

Recentemente o site realizou uma pesquisa traçando um um perfil entre bandas prediletas e sexo no primeiro encontro. Os apreciadores de rock’n roll são os que transam mais. Os fãs de Nirvana, Metallica, Linkin Park, Kanye West e Gorillaz estão entre os cinco primeiros colocados da lista. Os cinco últimos, por sua vez, são admiradores da música pop. Coldplay, Adele, Lady Gaga, Katy Perry e Kings of Leon tem os fãs mais recatados e que transam menos nos primeiros encontros.

2 – STD match
O site tem o slogan: “Conecte-se com solteiros que compartilham a sua DST”. Precisa explicar mais alguma coisa? 

O portal holandês Second Love , que também presta serviços no Brasil, é um site direcionado para aqueles que desejam ter uma vida extraconjugal. Parecido com ele, há também o AshleyMadison, uma rede social para quem quer arranjar encontros discretos (leia-se amantes). “A vida é curta, tenha um caso”, traz o slogan do site.  

Traduzido literalmente como “Mulheres atrás das grades”, o site se destina à presas que estão procurando relacionamentos. “Muitas dessas mulheres foram abandonadas por seus amigos e família, e desejam contato com o mundo. Essas mulheres não têm acesso à internet e a única forma de contato é por correio”, diz o portal. Só fiquei imaginando operacionalmente como deve funcionar isso. 

5 – 420dating
Outro site que reúne os participantes por afinidade. Dessa vez o gosto em comum é o de fumar maconha. “Por que fumar sozinho? Encontre fumantes no seu código postal”. 

6 – Beautiful people
Rede social destinada à pessoas bonitas. Os membros já inscritos julgam e aceitam (ou não) os candidatos. 

7 - Theugly bug Ball
Ao contrário Beautiful People, o The Ugly bug Ball é apenas para pessoas feias.


O site traz cinco verdades sobre os encontros:
  1. Metade das pessoas não são bonitas. Então, ao invés de terminar numa pequena piscina de pessoas bonitas, venha navegar num oceano de pessoas feias e tenha mais chances.
  2. Pessoas feias têm um caráter melhor – pessoas bonitas geralmente não são legais e tendem a ser superficiais.
  3. Pessoas feias tiveram uma vida dura e por isso tem mais consideração e são mais leais. Além disso uma pesquisa recente da TUBB (The Ugly Bug Ball) provou que elas são melhores na cama também.
  4. Uma vez que você esteja com alguém feio é bastante improvável que alguém tente roubá-lo de você.
  5. Em tempos como esse, no qual ninguém todos estão apertados, o TUBB é mais barato a) nós cobramos menos que os sites para pessoas bonitas b) pessoas feias tem menos expectativas para o primeiro encontro.


Convencido?

8 – SuperHarmony -
O Super Harmony é um site para aqueles que querem conhecer pessoas maravilhos, especiais, únicas: os super-heróis. 



Se você é uma mãe e quer encontrar uma noiva para o seu filhão, esse é o seu espaço.

O site se utiliza de um programa de reconhecimento facial que identifica parceiros com uma fisionomia parecida e que têm, segundo o site, mais chances de paixão e compatibilidade. Pelo menos na hora de ter filhos não haverá aquele velho problema de ser "a cara da mãe" ou "a cara do pai". 

11 – SeaCaptain Date  
Tão “único” quanto o Super Harmony, o Sea Captain Date (Encontros para Capitães do Oceano) se destina aos marujos que, segundo o site, querem manter contato com homens e mulheres que “compartilham de um amor do oceano”. 


Depoimento de um capitão que encontrou sua amada (em inglês)


Com que roupa (íntima) eu vou?

Uma brincadeirinha pro dia dos namorados. Mulheres e homens escolhendo o que usar no domingo.



Só uma observação: assim como a audiência da Globo não é feita apenas de Homers Simpsons, também não são todos os homens e mulheres que se encaixam nesse perfil. Conheço muita mulher que não se importa com calcinha furada e sutiã bege, assim como muito homem vaidoso ,  que se importa com cada detalhe do que está vestindo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Problematizando o kit homofobia

Aproveitando o último post, queria divulgar essa paletra organizada pelo Nuh. O evento acontece no Campus Pampulha da UFMG e tem entrada franca.

 


segunda-feira, 6 de junho de 2011

União estável e Projeto de Lei 122

Vitória na Luta pelo direitos dos homossexuais, mas ainda há muito a ser feito


No dia 05 de maio o Supremo Tribunal Federal (STF) votou, numa decisão histórica, pelo reconhecimento da união estável entre homossexuais. A definição faz com que a união homoafetiva seja reconhecida como uma família, regida pelas mesmas regras que antes se aplicavam apenas aos casais heterossexuais. 

 A decisão não reconhece, ao contrário do que muitos pensam, o casamento entre pares. O que acontecia era que a união entre homossexuais era vista como um contrato e a relação era regulada por regras similares as que regem relações empresariais. A definição do STF apenas dá uma nova interpretação à lei, reconhecendo também como união estável aquela entre casais homossexuais e estendendo os direitos previstos no Código Civil à esses sujeitos. Segundo o integrante do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT, Carlos Mendonça, é importante ressaltar que não houve perdas nesse processo. “O que se percebe é a ampliação dos direitos para um grupo que ainda não tinha. Os casais heterossexuais não perdem nada com essa decisão”, explica.

Ainda de acordo com Carlos Mendonça, é importante perceber que essa tomada de decisão se insere em um longo processo, e não algo abrupto. “Há muito se discutia essa lei e já se esperava a sua aprovação. O texto, inclusive, já havia tramitado no Congresso, mas precisou de correções na sua forma”, diz. Para o pesquisador, o parecer positivo do STF nada mais é que o reflexo do caldo de cultura que vive nossa sociedade e que permitiu instrumentalizar a união homoafetiva.

Segundo Carlos Mendonça, o que incomoda nessa questão é que o reconhecimento da união homoafetiva estabelece novas parentalidades. “Essa lei abre espaço para novas constituições de família e mostra que o casamento não é algo da Igreja, mas uma questão do Estado”, explica. 

Questão essa que é, no mínimo, delicada. Primeiro porque coloca em xeque a constituição da sagrada instituição da família, até então inquebrável. A família dita “normal”, tal como conhecemos – casal biparental heterossexual – passa a admitir outras configurações, que não se encaixam necessariamente nessas relações. Famílias formadas por pais/mães homossexuais, travestis e transexuais se consolidam ainda mais como um fato social após a decisão do STF.

Sugestão de filme: Baby Love (Comme les autres, 2008), do diretor Vincent Garenq (acima) e Minhas mães e meu pai (The Kids Are All Right, 2010), da diretora Lisa Cholodenko (abaixo).
Outro ponto é que quando percebe-se que cabe ao Estado e não a Igreja decidir sobre uniões, admite-se que a instituição do casamento e da família não é algo que depende estritamente da religião e da benção de Deus, mas de uma mera definição da legislação. Essas questões são bastante complexas, envolvem diversos setores da sociedade e com certeza, ainda vão dar muito o que falar. 

Achei dois textos muito interessantes e deixo aqui como sugestão de leitura, para quem se interessa sobre o assunto. O primeiro é de uma pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Elizabeth Zambramo e chama-se “Parentalidades "impensáveis": pais/mães homossexuais, travestis e transexuais”. O outro é uma dissertação, do pesquisador da Universidade Católica de Pernambuco, João Richard Pereira da Silva e aborda a “Parentalidade e conjugabilidades em uniões homoafetivas femininas”.
  
Outros passos de gigante
A decisão do STF se configura sim como uma decisão histórica, mas ainda há muito a ser feito no que se refere à causa gay. E uma delas é a lei 122 que propõe a criminalização da homofobia.
Essa lei tem gerado muitos protestos (como esse, por exemplo).  O que muitos alegam é que o projeto irá acabar com a liberdade de expressão, que ataca a liberdade religiosa ou que criará classes especiais a gays. Respondendo a esses argumentos. 

 O projeto pretende apenas punir condutas e discursos preconceituosos, como acontece no caso do racismo, por exemplo. E ninguém diz por aí que estão criando classes especiais para negros. No caso do argumento de restrição da liberdade de expressão, o que acontece é que ele é usado muitas vezes como desculpa para camuflar certas atitudes, como difamação, ataque a honra e outros tipos condutas. A lei também não interfere na liberdade de culto ou de pregação religiosa. Uma coisa é a religião manifestar juízos de valor teológico como, por exemplo, considerar a homossexualidade como pecado. Outra completamente diferente é dizer que homossexualismo é doença e estimular comportamentos discrimatórias, ofensivas, de desprezo e mesmo de violência. 

Na verdade a lei (texto na integra aqui) propõe que – da mesma forma que ocorre em outros tipos de discriminações - raça, cor, etnia, religião, entre outras –, a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero também se torne crime, ficando o autor sujeito a pena, reclusão e multa.
O Projeto de Lei 122 é muito importante porque ainda não existe proteção específica na legislação federal para esse tipo de discriminação. Segundo Carlos Mendonça, a cada um dia e meio, um homossexual é assassinado e em 2010, foram feitos 262 registros de assassinato que tiveram como motivo o ódio. Esse número, no entanto, deve ser muito maior, uma vez que nem sempre os crimes são registrados como atos de homofobia.  

Pensando em tudo isso, não consigo entender muito bem o porquê de tanto protesto. Ninguém é contra quando se fala em discriminação racial. No que discriminação contra homossexuais é diferente? E se hoje em dia existe legislação especifica para quase tudo, por que não criar também leis específicas que julguem casos de homofobia? Sim, porque que matar um sujeito simplesmente porque ele apresenta traços afeminados, por exemplo, é diferente do que um homicídio motivado a vingança. Não estou desmerecendo as pessoas que são mortas por outros motivos, apenas penso que os casos de homofobia merecem, sim, um olhar diferente na hora de serem julgados.

Você pode encontrar mais informações sobre a lei no site da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) ou no site oficial do Projeto de Lei 122.