Todo
brasileiro conhece o ditado que as coisas só começam a funcionar nas terras
tupiniquins depois do carnaval. Não é mera coincidência que volto a postar no
blog justamente nessa data. 2012 foi um ano extremamente cheio pra mim – dois empregos,
frilas, vida social, academia, aula de dança -, enfim. Não é que a Norma fosse
um projeto de segundo plano, mas por vários motivos não conseguia me dedicar a
ela como devia. Mas chega de desculpas e sem mais delongas, volto a escrever,
cheia de planos e expectativas.
Nada mais
justo que reinaugurar o blog com uma experiência que me deixou muito feliz. Fui
passar o carnaval com alguns amigos no Rio e numa dessas noites, em casa só com
as meninas, resolvemos tirar a roupa. E ficamos ali, só de calcinha, bebendo, conversando
bobagens e jogando totó. Os de imaginação mais fértil já vão pensar que o post
vai se desdobrar em um conto erótico com quatro mulheres se pegando loucamente.
Mas não. Ficamos assim e o máximo que aconteceu foi uma espécie de aula de strip tease, em que cada uma simulava o
que faria e assim podíamos trocar ideias. Aí você se pergunta, afinal, por que
escrever sobre isso? Calma, eu chego lá.
Voltando para
BH, comprei uma TPM para ler durante a viagem e qual não foi minha surpresa
quando vi que era uma edição especial sobre a nudez. A revista discute a hipocrisia
do país que, no carnaval admira seios e bundas desnudos, mas que condena um
topless na praia, um vestido muito curto e que acha sem sentido a marcha das
vadias.
Tá tudo liberado no carnaval
O problema é
que esse modo de pensar da sociedade em geral fica tão preso na cabeça das
pessoas – especialmente das mulheres, que tem a nudez muito mais condenada -
que ficar pelado, mesmo em lugares e ocasiões que seria normal, é algo que
incomoda. Enquanto lia, me lembrei da minha reação sentada à mesa com minhas
amigas. Eu, que me considero sem vergonha, me peguei algumas vezes intimidada
pela situação e instintivamente tentava cobrir os seios.
Censurado
São vários os
motivos que levam a essa inquietação. O primeiro que me vem à cabeça é o
desconforto que as mulheres sentem com relação ao próprio corpo, que não se
parece com o de uma panicat ou com a capa da playboy. Somam-se os tabus e preconceitos que existem em torno da
nudez, que ainda não é vista como algo natural . O nu ainda choca: uma manifestante de roupa não chama atenção; pelada, ela vira notícia. Além disso, a nudez é associada ao
sexo, algo ainda reprimido. Isso sem contar que, para muitos ficar pelado é estar
desprotegido, vulnerável, como se todo o seu ser – com qualidades e defeitos –
estivesse à mostra.
"Proibido pela censura
O decoro e a moral
Liberado e praticado
Pelo gosto geral
Pelado todo mundo gosta
Todo mundo quer
Ah é? É!
Pelado todo mundo fica
Todo mundo é..."
Ultraje a Rigor
Para quem
gostou do tema, vale a pena ler a TRIP. Além de uma entrevista com a Luana
Piovanni – que é capa da edição -, tem também um bate papo super legal com o
Otto, com o JR Duran e com o James Deen, ator pornô sensação nos Estados
Unidos. Outro relato que gostei muito foi da Milly Lacombe, colunista que topou
de despir para estranhos em uma aula de desenho.
Uma das minhas recordações mais antigas quando penso em nudez, abertura de uma novela que tinha como tema a música do Ultraje a Rigor
1 comentários:
Legal a postagem!!! Feliz ano novo!!!
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