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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pelado, pelado, nu e jogando totó


Todo brasileiro conhece o ditado que as coisas só começam a funcionar nas terras tupiniquins depois do carnaval. Não é mera coincidência que volto a postar no blog justamente nessa data. 2012 foi um ano extremamente cheio pra mim – dois empregos, frilas, vida social, academia, aula de dança -, enfim. Não é que a Norma fosse um projeto de segundo plano, mas por vários motivos não conseguia me dedicar a ela como devia. Mas chega de desculpas e sem mais delongas, volto a escrever, cheia de planos e expectativas.

Nada mais justo que reinaugurar o blog com uma experiência que me deixou muito feliz. Fui passar o carnaval com alguns amigos no Rio e numa dessas noites, em casa só com as meninas, resolvemos tirar a roupa. E ficamos ali, só de calcinha, bebendo, conversando bobagens e jogando totó. Os de imaginação mais fértil já vão pensar que o post vai se desdobrar em um conto erótico com quatro mulheres se pegando loucamente. Mas não. Ficamos assim e o máximo que aconteceu foi uma espécie de aula de strip tease, em que cada uma simulava o que faria e assim podíamos trocar ideias. Aí você se pergunta, afinal, por que escrever sobre isso? Calma, eu chego lá.

Voltando para BH, comprei uma TPM para ler durante a viagem e qual não foi minha surpresa quando vi que era uma edição especial sobre a nudez. A revista discute a hipocrisia do país que, no carnaval admira seios e bundas desnudos, mas que condena um topless na praia, um vestido muito curto e que acha sem sentido a marcha das vadias.
Tá tudo liberado no carnaval
O problema é que esse modo de pensar da sociedade em geral fica tão preso na cabeça das pessoas – especialmente das mulheres, que tem a nudez muito mais condenada - que ficar pelado, mesmo em lugares e ocasiões que seria normal, é algo que incomoda. Enquanto lia, me lembrei da minha reação sentada à mesa com minhas amigas. Eu, que me considero sem vergonha, me peguei algumas vezes intimidada pela situação e instintivamente tentava cobrir os seios.

Censurado
São vários os motivos que levam a essa inquietação. O primeiro que me vem à cabeça é o desconforto que as mulheres sentem com relação ao próprio corpo, que não se parece com o de uma panicat ou com a capa da playboy. Somam-se os tabus e preconceitos que existem em torno da nudez, que ainda não é vista como algo natural . O nu ainda choca: uma manifestante de roupa não chama atenção; pelada, ela vira notícia. Além disso, a nudez é associada ao sexo, algo ainda reprimido. Isso sem contar que, para muitos ficar pelado é estar desprotegido, vulnerável, como se todo o seu ser – com qualidades e defeitos – estivesse à mostra.
"Proibido pela censura
O decoro e a moral
Liberado e praticado
Pelo gosto geral
Pelado todo mundo gosta
Todo mundo quer
Ah é? É!
Pelado todo mundo fica
Todo mundo é..."
Ultraje a Rigor


Para quem gostou do tema, vale a pena ler a TRIP. Além de uma entrevista com a Luana Piovanni – que é capa da edição -, tem também um bate papo super legal com o Otto, com o JR Duran e com o James Deen, ator pornô sensação nos Estados Unidos. Outro relato que gostei muito foi da Milly Lacombe, colunista que topou de despir para estranhos em uma aula de desenho.

Uma das minhas recordações mais antigas quando penso em nudez, abertura de uma novela que tinha como tema a música do Ultraje a Rigor

1 comentários:

Bruno Mendes MTB barreiro disse...

Legal a postagem!!! Feliz ano novo!!!

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