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sábado, 18 de junho de 2011

Pornografia vira arte

Que a arte pode ser pornográfica, não há dúvidas. Mas a pornografia, pode ser arte?  Qual é o limite? A foto de um homem pelado é arte? E a obra David, de Michelangelo, é pornografia? As respostas podem parecer óbvias, mas mostram o quão tênue podem ser as fronteiras entre arte e pornografia, principalmente levando-se em consideração a subjetividade do próprio conceito de arte.

A polêmica se complica ainda mais se considerarmos as diferenças e os limites entre arte erótica e pornográfica. Segundo Benjamin Junior, em artigo publicado no site Obvious, a distinção se dá por meio da participação, ou não, do observador no espectáculo sexual. Enquanto que a pornografia solicita que os sujeitos tomem parte através da excitação sexual, no erotismo, ao contrário, esse não é o objetivo principal. Mesmo que exista esse despertar do desejo, a arte erótica busca uma cumplicidade à distância, “visando basicamente um saber do querer, um conhecimento do desejo e do prazer que, no limite, constitui uma forma de prazer”.

São discussões que, como diria minha mãe, rendem pano para manga. Por isso decidi não me alongar nesse debate. Primeiro porque não sou nenhuma especialista em arte, pornografia ou erotismo. E em segundo lugar porque esse não é exatamente o objetivo do post. 

Procurando pautas para o blog, descobri diversos trabalhos que misturam exatamente as fronteiras entre o artístico, o erótico e o pornográfico.

Um desses artistas é o norte-americano Tom Gallant. Através de minuciosos recortes feitos com um bisturi afiado e à mão, Gallant transforma imagens de sexo explícito em desenhos com motivos florais insipirados em ilustrações da era vitoriana. Algumas peças são tão sutis que, à primeira, vista nem se percebe as cenas pouco comportadas que estão presentes. As obras de Tom instigam o olhar do observador e fazem com que procure o "algo mais" ali escondido. “Eu uso a pornografia como uma representação de nossa cultura visual, a ode à juventude, à carne, ao sexo e à exploração da mulher e do feminino. A pornografia é o suporte, mas não a mensagem", garantiu o artista em uma entrevista.






Outro que também se utiliza de recortes é Von Brandis. Utilizando-se de imagens vintage, o artista retira da cena os corpos, deixando apenas a silhueta de homens e mulheres. Através de um jogo que mostra e esconde, os cenários de Brandis solicitam uma participação ativa do observador, que imagina a cena, os atos realizados e seus detalhes.




 

A fotografia também aparece como suporte recorrente para abrigar as misturas entre pornografia e arte. A revista VIP publicou, inclusive, uma lista com seis livros de célebres fotógrafos que realizam esse tipo de trabalho. Já eu, resolvi trazer três nomes: Vlastimil Kula, Peter Gorman e Martin Kovalik (aviso, algumas fotos são bem ousadas, digamos assim).

Martin Kovalik
Martin Kovalik

                                                                       Peter Gorman
Peter Gorman
Vlastimil Kula
Vlastimil Kula

Vlastimil Kula

Uns se utilizam de recortes, outros de fotografias. Cada artista trabalha com a tela que prefere. No caso do coreano Kim Joon, o corpo humano é o próprio painel onde se fundem cores e formas. Entrelaçando corpos masculinos e femininos, Joon pinta desde motivos orientais e florais a logotipos de marcas comerciais e personagens de histórias em quadrinhos. 








Com uma proposta um pouco diferente dos artistas citados acima, outra iniciativa - desta vez de brasileiros - é o Art goes porn (arte vira pornô). Segundo o site, o projeto parte da premissa que “Todo humano já desenhou um sol, assim como todo mundo já desenhou uma pica”. A idéia é criar paródias que homenageiam grandes mestres da pintura com desenhos quase pornográficos.


Fernando Leite
Andy Warhol goes porn


Guilherme Caon
Pablo Picasso goes porn
Marcelo Armesto 
M.C. Escher goes porn


Eduardo Menezes
Piet Mondrian goes porn
 
Gabriel Gama
Edvard Munch goes porn


Marcelo Quinan
René Magritte goes porn

Fernando Togni
Tarsila do Amaral goes porn

Cristiano Baldi
Romero Britto goes porn

Rodrigo Pereira
Vincent van Gogh goes porn

E você, depois de ver tantas imagens e trabalhos com propostas diferentes, o que pensa da mistura entre arte e pornografia?

2 comentários:

O Semeador de Sorrisos disse...

Bom, realmente esse é um assunto muito complexo.
Porém, para mim, para pornografia chegar a ser arte, ela precisa ser muito bem trabalhada.

Esses exemplo citados aqui , sob o meu ponto de vista, são mais pornográficos que artísticos mesmo.

Um ou outro até "passa".

Agora, o que está bem mais envolvido com a arte é o erotismo, o qual dista clara ou sutilmente da pornografia.

Ju Afonso disse...

Adorei oi post!!

Não considero algumas delas como arte. A reprodução dos órgãos sexuais em quadros que já existem (como o da Tarsila do Amaral ou do Edvard Munch) são pornográficos e irônicos, uma vez que parte da transformação de uma arte em outra de forma esdrúxula.

Algumas das fotos apresentadas podem ser arte sim. O corpo de homens e mulheres têm suas belezas e podem ser arte. Para mim, a melhor delas foi a terceira do Martin Kovalic. As outras são forçadas, mas essa traz uma beleza natural, como se não tivesse sido uma pose! Aí, porém, entramos na distinção entre pornografia x erotismo

Enfim, o assunto pode dar o que falar...

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