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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sexo para ouvir (ou para se fazer ouvindo)


Quando se junta duas características – a paixão pela música e curiosidade aguda – o resultado é uma pessoa que fuça Ipods alheios em busca de coisas novas para ouvir. E foi revirando a lista de um amigo que achei o recém lançado álbum de Erasmo Carlos. “Por que você não faz um post sobre isso?”, ele disse. Aqui está e dedicado a você.

Sexo. Além de assunto de interesse deste blog, é também tema e nome do 27º disco lançado pelo eterno Tremendão. Já tinha ouvido algumas faixas – que tinha gostado muito, inclusive -, mas como foi na minha época de 18 horas diárias de trabalho, não atinei para a idéia de fazer um post.



Lançado pela Coqueiro Verde, o álbum tem produção e participação de Liminha, além de parceiras de músicos como Arnaldo Antunes, Nelson Motta, Adriana Calcanhoto e Chico Amaral. João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, também participa do disco, gravando as baquetas da música "Sentimento Exposto". O álbum conceitual trata, ao longo de suas 12 faixas, de uma dos instintos mais básicos dos seres humanos, sem meias palavras ou o que o compositor chamou de imagens pornográficas.

Ouvi o disco todo, mas para mim é um pouco difícil falar sobre músicas que ouvi poucas vezes. Sou daquelas que gosta de escutar várias e várias vezes, reparar em pequenos detalhes e ir me apaixonando aos poucos. Claro que existem aquelas que me conquistam de cara (e aí do mesmo jeito ouço várias e várias vezes), mas no geral preciso de mais tempo para saber se gostei ou não. Outro fator que vocês devem levar em conta ao ouvir minha singela opinião é que, nem de longe, sou especialista em resenhas musicais. Feitas as preliminares, vamos ao Sexo.

No geral gostei do disco, que é bem divertido - principalmente a letra de algumas músicas. Erasmo mantém a veia rock’n roll anos 70 ao mesmo tempo em que traz pitadas de outros ritmos. A impressão que tive foi de que, seja qual for seu estilo – romântico, tradicional, selvagem, etc. – Sexo terá alguma faixa para você.

Uma das minhas preferidas é a faixa de abertura do álbum, a divertida e enérgica “Kamasutra”, feita em parceria com Arnaldo Antunes. Erasmo pergunta: “Em que posição?” e em seguida fala sobre as diversas posições do famoso livro indiano.

Outra música que me chamou a atenção é também uma parceria com o ex-Titã, “Roupa Suja”. Com um tom de desabafo – a famosa dor de cotovelo – a canção fala sobre como, algumas vezes o sexo pode tornar as pessoas meros objetos de prazer (serve muito bem como trilha sonora para esse post). Nessas situações só mesmo uma boa lavagem de roupa suja pra deixar tudo em pratos limpos.

Na balada "Apaixocólico Anônimo", o Tremendão fala de como os seres humanos são escravos de seus sentimentos. Mas, se você escutar melhor – já que o tema é sexo -, irá reparar que também é uma delicada ode ao sexo oral. "Desde o dia em que provei/ o sabor do seu desejo/ nunca mais tive sossego/ como um bêbado me vejo/ escravo do seu mel."

O disco se encerra com “Sexo é vida” e é uma faixa que resume um pouco o que foi dito em todas as outras. "Palmas ao campeão/ ganhou a corrida/ e o prêmio do embrião/ foi gozar a vida".

Tinha pensado em escrever um pouco sobre cada música, mas o post ia ficar chato e a idéia não era fazer uma resenha crítica sobre o cd. No site da Coqueiro Verde, além de ouvir o álbum inteiro, você ira encontrar também dois releases (um escrito pela Fernanda Young e outro por Ronaldo Bressane) que falam um pouco sobre cada faixa.


Outro site muito legal para ler mais coisas sobre o cd é o da Revista Trip, que fez uma entrevista com o Tremendão. Erasmo fala sobre o processo de produção do álbum, sobre carreira e sobre o medo e vergonha de falar sobre sexo. "Esse assunto não deveria ser tabu (...). A gente come, bebe água e faz sexo. Todo mundo faz isso. Era para ser um assunto muito mais natural.”.

"Antes era difícil você ser mais explícito ao falar de sexo, mas hoje em dia também não é fácil. Antigamente era a censura, agora é o politicamente correto. Você tem que lidar com religião, que planta na cabeça das pessoas que o sexo é pecado"

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