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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Camisinha versus Indústria Pornô


Um grupo de proteção contra a Aids - Aids Healthcare Foundation - quer que os atores de filmes pornôs de Los Angeles sejam obrigados a usar camisinha. As autoridades da cidade dizem, no entanto, que apenas o Estado pode legislar sobre esse assunto. A fundação passou, então, a recolher - desde o dia 03 desse mês - assinaturas para que a população seja consultada. São necessárias 41 mil para que o pedido possa ir a plebiscito nas eleições desse ano.

A ideia da AHF é que as produtoras tenham uma espécie de licença da secretária de Saúde e sejam passíveis de receber multas em casos de irregularidades. A fundação alega que, como qualquer outro profissional, os atores também devem trabalhar protegidos. 

Ninguém quer ver a camisinha

Para Ron Jeremy - recordista de aparições em filmes pornôs, com cerca de 2.000 - o problema é bem simples. Não é que os atores não queiram usar preservativos, mas são os espectadores que não querem vê-lo.  

Não acho que a coisa seja tão simples como defende Jeremy. Claro que é ridículo pensar que a saúde dos outros está sendo colocada em segundo plano por uma questão estética,  e aí se pensarmos por aí não há nada complicado. Acho que aceitar filmes pornôs com camisinha é só uma questão de costume, mas o problema é que até lá, as produtoras já perderam algum dinheiro e aí é que está o grande complicador de tudo. 





Outro ponto levantado é até que ponto a camisinha realmente iria fazer com que o sexo praticado nos filmes fosse mais seguro. Ao menos é o que questiona a atriz veterana Nina Hartley. Segundo ela, o sexo na frente das câmeras não é como aquele que as pessoas fazem em casa (para se ter ideia, uma simples cena exige de 30 a 55 minutos de sexo)  e nesse caso os preservativos poderiam atrapalhar. Hartley argumenta que a camisinha diminui ainda mais a lubrificação, aumenta a fricção e a chance de causar fissuras na parede vaginal - o que torna as mulheres mais susceptíveis a DSTs. Além disso, a atriz ressalta que filmes adultos tem como objetivo entreter e não educar. 

Concordo que o sexo feito em pornôs não é como o sexo do dia a dia, mas pode sim ir além do entretenimento e ser uma ferramenta educativa. Basta pensar que esses filmes são um dos primeiras formas de contato mais direto que a maioria dos meninos tem com o sexo (no meu caso também, como contei aqui), além de terem grande alcance. É preciso fazer um bom uso disso, não?

Por trás das câmeras

Segundo estatísticas do L.A. Department of Health,  os atores pornôs são 10 vezes mas propícios a serem infectados pela Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis que as outras pessoas da população. 

Atualmente, os atores são submetidos a exames a cada 28 dias, mas mesmo esse controle não impede o aparecimento de doenças.  Em 2004, o ator Darren James infectou três atrizes, pois não sabia que estava contaminado pelo vírus. Mais recentemente, em 2010, Derrick Burts foi diagnosticado como portador do HIV. 

Outro caso é o da ex-atriz Shelley Lubben, que atualmente é presidente de uma ONG - a Pink Cross Foudantion - que tem como missão resgatar atores da indústria pornô. Segundo Shelley, após atuar em alguns filmes, ela contraiu herpes e HPV, o que mais tarde a levou a ter câncer cervical e quase metade do útero removido. 

Além da ONG, Shelley escreveu um livro, A verdade por trás da fantasia da pornografia. A ex-atriz também se converteu e tenta resgatar aqueles que ainda fazem parte da indústria pornô






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